QUILOMBO VARGEM

Comunidade Cafundá Astrogilda é tradicional e remanescente de quilombo


As redes de parentela que compõe a Comunidade Tradicional do Maciço da Pedra Branca atingem seu primeiro reconhecimento oficial. Após séculos de resistência e anos de luta, receberemos a titulação oficial enquanto Tradicional Remanescente de Quilombolas. Funda-se então o Quilombo Vargem como o conjunto de relações familiares que dão vida à resistência local. Esse título, a ser conferido pela Fundação Cultural Palmares é apenas uma das diferentes manifestações do direito. Várias outras reivindicações precisam ser conquistadas. São formas de reparação às atuais e às futuras gerações pelos danos causados à todas as pessoas postas em condição de escravidão. 


Quilombos atuais


Quilombos hoje são sinônimos de “grupos que desenvolveram práticas de resistência na manutenção e reprodução de seus modos de vida característicos num determinado lugar.” Não se qualificam tanto por seus traços biológicos, como a cor da pele.  São laços culturais que unem a resistência a um certo modelo de sociedade. Nesse sentido, reconhecemos que a Comunidade Astrogilda tem uma configuração cultural própria, que se manifesta em sua arquitetura, linguagem, culinária, relação com a floresta e com as águas. O uso de plantas medicinais e as práticas de cuidado se configuram como dádivas herdadas de nossos antepassados mas que se reconstituem dentro das presentes gerações.


A Comunidade


A matriarca Astrogilda da Rosa Mesquita, que dá seu nome à comunidade titulada, deixou a marca do Cuidado através por seus feitos em ajudar o próximo sem visar lucro e  atendendo toda comunidade local sem nada cobrar. Essa é uma das principais características de uma comunidade tradicional e tem se perpetuado através das rezadeiras, parteiras, doceiras, agricultoras, festeiras e demais arteiras. Desde então as mulheres têm reproduzido a dádiva e o cuidado como práticas culturais. Por outro lado os herdeiros homens tem se dedicado à agricultura, à produção de objetos e manufaturas e técnicas tradicionais. Todo esse conjunto constitui um modo de vida bastante visível na Comunidade Cafundá Astrogilda. Trata-se de um patrimônio cultural a ser preservado para as próximas gerações.

Limites do Quilombo


Nossos antepassados, submetidos à repressão do Estado, partiram em diáspora por todo o Maciço da Pedra Branca, seu entorno. Instalaram novas formas de resistência por um território espacialmente diversificado. Não se trata, portanto de limites geográficos, mas de um território em rede. O Quilombo Vargem se faz presente na agricultura dos quintais urbanos, na inspiração de muitos artistas, no artesanato, na culinária tradicional, nas feiras, até no ofício da educação e da pesquisa científica sempre que se apresenta na horizontalidade dos saberes. 

O novo Quilombo


O quilombo remanescente não se imobiliza no passado. Pelo contrário, assume tanto o conhecimento construído pelos ancestrais como o direito à informação e tecnologias de ponta. Projeta-se para a construção do futuro agroecológico como ferramenta de construção do bem-viver e segurança alimentar e nutricional das próximas gerações. A coletividade se constrói com o fortalecimento do território marcado pelo trabalho, a cultura e a afetividade de um povo.

Parceiros do Quilombo Vargem:

Associação de Agricultores Orgânicos de Vargem Grande (Agrovargem)
Alerj / Comissão de Direitos Humanos
Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro
Colégio Estadual Prof. Teófilo Moreira da Costa
Instituto Panela de Barro
Profito Agrobiodiversidade
Quilombo do Camorim
Rede Carioca de Agricultura Urbana
Universidade Estácio de Sá / Nupesa
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro / Sub-reitoria de Extensão
Contato: Sandro da Silva Santos
sandrotcvg@oi.com.br