O capital procura brechas para o seu excedente de maneira a atenuar as crises do sistema e uma das formas é a reestruturação urbana, como a que vem se dando na cidade do Rio de Janeiro. Temos visto na cidade, as obras dos mega projetos esportivos, culturais e de mobilidade urbana em parceria da iniciativa privada com o setor público, conhecido como Parceira Público Privado (PPP). Onde os órgãos públicos disponibilizam espaços e recursos do povo, colocando a cidade a serviço do capital, ou seja, privatizam o espaço de todos, restringindo o direito à cidade. Pois, removem comunidades carentes, que estejam no caminho da especulação, dificultam a mobilidade, além de liberarem verbas publicas para que o setor privado lucre.
Diante deste contexto, a região das VARGENS vem sendo VENDIDA como MERCADORIA. Onde o consenso, obtido em cínicas audiências públicas e a produtividade imobiliária, leia-se consórcios de construtoras, procuram se consolidar como a única opção urbana. Neste sentido as resistências populares e alternativas à dominação do capital como perversidade, passam por pelo menos duas frentes que se desenvolvem no local. A primeira, de caráter mais ideológico com a necessidade de adquirir consciência sobre as novas formas de cooptação e dominação, associadas principalmente ao capital social. E a segunda mais relacionada a realidade das desigualdades sociais e das necessidades básicas e seus desdobramentos no cotidiano perverso e impiedoso das cidades administradas por essa lógica desumana.
Sugestões de Leitura:
MOTTA, Vânia Cardoso. Ideologia do Capital Social: atribuindo uma face mais humana ao capital. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2012.
SANTOS, Milton. Da Totalidade ao Lugar. São Paulo: EDUSP, 2012.
VAINER, C. Pátria, Empresa e Mercadoria In: Otília Arantes, Carlos Vainer, Ermínia Maricato. A Cidade do Pensamento Único: desmanchando consensos. Petrópolis: Vozes, 2013.
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Texto originalmente publicado no Jornal Abaixo Assinado de Jacarepaguá