
Esta semana tivemos reunião do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB), com a apresentação do seu novo gestor. O tema “agricultura no Parque” foi ponto de pauta chamado pela própria administração e não por seus interessados. Não é como disse Marx, “um raio caído de um céu azul”, mas resultado de um processo de mobilização de agricultores e organizações que tem início nos anos 2000. Não pude deixar de lembrar as frases que escutei de gestores e agentes ambientais entre os anos de 2005 a 2009 por ocasião de minha pesquisa de doutoramento: “quem quer trabalhar com o ambiente, não pode trabalhar com o social”, “a nossa lei ambiental é a melhor do mundo, dizer que ela vai mudar para atender quem mora no parque, me desculpa, mas isso não vai acontecer nunca” e por fim: “a nossa sorte é que os agricultores estão morrendo”.
Alguma coisa parece estar mudando, pensei. Mas depois ponderei: calma aí, afinal foi no ano passado que escutamos: “os agricultores podem participar do Projeto Rio Rural, até que sejam removidos” e mesmo na reunião de hoje, a pauta apesar de positiva tratou da triste e seletiva interpretação de técnicos da Emater sobre regras do crédito rural para negar a concessão de DAPs a alguns agricultores do Maciço da Pedra Branca.
Não se trata de defender a agricultura em parques ou que o homem deva estar em toda parte, como certa vez acusou um dirigente do IEF, mas se trata de reparar as contradições e formas de exclusão social produzidas pelas próprias políticas ambientais. Trata-se de fazer ver que parte significativa do Parque se fez sobre cultivos preexistentes e que hoje conservação da natureza e agricultura coexistem de forma respeitosa. Volto a pensar, sim, mudamos de fase, estamos avançando, da política do deixa como está para discutir termo de compromisso, como previsto no SNUC. E, dentro desse contexto surgiu também o controverso tema do Cadastro Ambiental Rural. Ou seja, a cada passo novos desafios.