Oficina Profito Agrobiodiversidade: Dinâmica dos SAF’s.

 

Definição:

 

SAF’s são sistemas agroflorestais, ou seja, uma forma de explorar o solo que ecologicamente se aproxima da dinâmica desenvolvida na floresta natural. Onde espécies diferentes coexistem em harmonia, todo SAF é uma consorciação de cultivos, embora, a inversão nem sempre se aplique. Por definição área de cultivo que abriga no mínimo duas espécies diferentes.

Um sistema alternativo viável para o uso sustentável do território, porque não exaure apenas certos tipos de nutrientes do solo conforme acontece nas grandes monoculturas, que periodicamente precisam substituir a área exaurida por outra. Mas sim gera um ciclo próprio de desenvolvimento em que as plantas integradas continuam se reproduzindo e se reorganizando dentro do espaço.

Capaz de recuperar solos degradados, por meio deste cultivo simultâneo e/ou sequencial de várias espécies na mesma área. Portanto, as plantas podem se integrar para desenvolver-se de forma saudável e simbiótica. Com as características associadas para o bem comum. Deste modo, no mesmo SAF, diferentes ciclos de crescimentos estão envolvidos. O que exige o cuidado constante. Para que sejam monitorados a poda das espécies envolvidas em períodos específicos e de maneira direcionada.

Bem como, os processos de irrigação, compostagem e adubação que devem levar em consideram o conjunto das espécies envolvidas, essas são as técnicas de manejo sustentável. Tais técnicas de modo geral, devem corroborar com as especificidades e hábitos de cultivo da população local. Muitas obras tratam de conceituar as diferentes possibilitares combinatórias de espécies florestais e culturas agrícolas, podendo também envolver animais.

Os sistemas podem ser caracterizados a partir dos componentes que o formam, os arranjos espaciais e temporais. Um sistema poderia ser agroflorestal, misto e simultâneo ao mesmo tempo. Podem ser formatados para produção ou proteção de culturas.

 

Legislação sobre o SAF:

 

A lei de nº 12.854 de 26 de agosto de 2013, incentiva e apoia ações de recuperação florestal de áreas degradas. O primeiro artigo afirma que os SAF’s devem sem implantados em territórios desapropriados pelo poder público, e em áreas demarcadas de agricultura familiar de assentados, quilombolas e indígenas.

No artigo seguinte, o governo se propõe fomentar estas práticas por meio de programas e políticas públicas de recuperação florestal e implantação dos sistemas. Tais ações devem representar uma alternativa econômica que propicie segurança alimentar.

O terceiro artigo relaciona os SAF’s a famílias já beneficiadas por programas de assentamento rural, produtores familiares, quilombolas, indígenas. Adiante, a lei coloca que a implementação dos sistemas agroflorestais podem ser financiadas com recursos de fundos nacionais como o de mudança do clima, o da Amazônia, o do meio ambiente e de desenvolvimento florestal. O financiamento pode ainda advir de consórcios entre a administração pública de diversas instâncias, de verba pública ou privada. O último artigo sanciona a lei em vigor desde sua publicação.

A lei exemplifica que o SAF não é pensado para grandes extensões de terra, tampouco de propriedade privada. E sim para terras trabalhadas de maneira comunitária. Em que, os custos da implementação podem ser parcial ou totalmente financiados pelo estado, ou instituições privadas.

 

Histórico do SAF do Profito (como foi criado, e de que forma selecionaram as plantas para integrar o SAF):

 

O SAF do Profito realizado em parceria com a Fiocruz teria primordialmente função pedagógica e didática para apresentar aos agricultores, o sistema de plantio ao mesmo tempo produtivo, pouco agressivo e sustentável. Mostrando na prática como organizar um sistema, que plantas podem ser integradas. Este sistema é voltado para a produção de plantas medicinais, para fabricação de remédios caseiros e outros produtos que utilizem as plantas medicinais como matéria-prima. Bem como a parte prática das oficinas tanto de coleta como de manipulação das plantas. Para fazer remédios caseiros.

 

Possibilitando a participação dos produtores locais na manutenção e coleta sustentável. Este sistema agroflorestal segue a mesma lógica de outro implantado no Rio da Prata. Em que periodicamente os produtores se revezam na coleta e poda das plantas. Na medida do possível, a proposta é possibilitar uma integração natural, de modo que apenas o capim mais agressivo é completamente removido e usado para cobrir o solo. Enquanto as folhas são periodicamente cortadas conforme, explicou a produtora Irmã durante a oficina. (Irmã, nov. 2014) No SAF dentro da Fiocruz o produtor Arlindo e seu filho fazem a poda com o apoio dos funcionários da instituição.

 

Manejo florestal (o que cortar, quando, para quê, quais produtos podem ser formulados):

 

A coleta feita a partir do SAF deverá levar em consideração as diferentes possibilidades produtivas. O princípio ativo de cada planta pode estar em parte diferentes, folhas, caule, raiz, logo a maneira de extrair produto da planta será diferenciada.

A poda do SAF de plantas medicinais deve sempre retirar uma quantidade reduzida das folhas entre 20% e 50%. Para que as plantas possam se refazer desta perda.

Tratar aquilo que foi retirado da natureza também envolve alguma complexidade. Por exemplo, as folhas devem ser coletadas usando luvas e sacos plásticos, para evitar contaminação. Depois disso devem ser separadas sempre higienizando as ferramentas e outros objetos envolvidos no processo com álcool cereal 70%.

Alguns pontos devem ser discutidos, porque vender a planta in natura em porções envolve um tempo de negociação e uma forma de trabalhar especifica que difere de quando a planta foi seca. Sobre isso cada planta possui um período de secagem específico, o ideal nem sempre está acessível para o agricultor, uma estufa.

Então, a secagem, bem como, a manipulação podem ser realizadas de forma improvisada e com segurança desde que alguns pressupostos sejam considerados. O ponto de partida sempre será a informação, que possibilitará que as adequações necessárias sejam feitas com segurança.

Os materiais devem sempre estar limpos para que não haja contaminação, e a manipulação deve ser feita a partir de algum conhecimento cientifico sistematizado para garantir o consumo e a comercialização segura. Referências interessantes neste processo são os manuais científicos que podem ser encontrados na internet ou em livrarias como o Farmacopéia Brasileira.

Em livros assim, conceitos básicos da fabricação de remédios são explicados. O que torna mais simples, definir o que tirar de cada planta e a finalidade disto.

 

Erva baleeira (cordia curassavica):

 

No dia da oficina a planta coletada foi a erva baleeira útil para combater infecções. Neste processo todos usaram luvas e sacos esterilizados com álcool cereal 70%. As árvores foram podadas e depois os galhos guardados em grandes sacos plásticos transparentes.

Depois os presentes removeram as folhas dos galhos, para que fossem separadas. Após essa divisão as folhas foram colocadas na estufa com temperatura controlada.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
http://www.ceplac.gov.br/radar/semfaz/conceiroeclassificacao.html
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12854.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_fitoterapicos.pdf
http://www.anvisa.gov.br/hotsite/cd_farmacopeia/pdf/farmacopeia_volume_2_2803.pdf
http://www.sigam.ambiente.sp.gov.br/sigam3/Repositorio/222/Documentos/SAF_Digital_2011.pdf

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